A cidade intumesce,
cresce,
ganha e perde espaços.
Fachadas, escadas,
terraços, caminhos
e confusões.
A cidade vai me engolindo,
enquanto durmo.
Sorrisos novos, novos passos,
faróis e pneus, buzinas,
ferros, aços.
À noite, vai se acendendo,
vai se incendiando,
se corroendo.
O céu estrelado testemunha
suas cinzas, seus esquecimentos
e um cachorro infinito
uiva pra lua.
Calçadas vazias,
janelas escuras,
café frio esquecido
sobre uma mesa de centro.
Passeiam, laboriosas,
as baratas,
lontras e capivaras
atravessam o rio,
ratos roem o luar.
Cidade, criança órfã,
deixada aos cuidados
de um céu
inacabado.
Suas pontes impedem
que se parta ao meio.
Nas lâmpadas dos postes,
mariposas sussurram
segredos e pecados.
Chora a cidade,
engolindo a todos.
Vomitará cada um de nós,
pela manhã.
Chora, até que dorme.
Cansada.
Seus sonhos
têm cheiro
de dama-da-noite.
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Um comentário:
Adorei!
Obrigado por compartilhar!
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