terça-feira, 17 de julho de 2012

It's just another town, along your road.

Before I Forget


Por mais que eu não queira ficar em silêncio, é praticamente por obrigação que escrevo este texto. Obrigação que o coração obriga, e não tenho como desobedecer.
Ontem, morreu a maior referência que eu tinha, depois de meu pai. Não era meu parente, não era meu amigo de infância, sequer sabia que eu existo, e vim até aqui, pra falar dele.
Porque, desde que, há uns 20 anos, eu ouvi sua música pela primeira vez, ela passou a fazer parte de mim e eu dela. Eu só sou músico por causa dela. Muitas vezes, foi por causa dela que eu fiz questão de ser alguma coisa, e foi através dela que eu fiz questão de acreditar que existe algo acima dos homens e de suas crenças, capaz de mover e purificar seus corações de carne, e de torná-los imortais. Quando tudo vertia em negra torrente para os abismos, foi sua música cheia de vida e coragem que desafiou os ventos, pra me resgatar do inferno. E foi ela quem fez tudo valer a pena. Porque, sim... ainda que não houvesse pra mim cor, sabor,calor, frio, desejo nem perfume, teria valido a pena por existir sua música, e tudo faria sentido, como continua fazendo e fará.
E é ela quem vai mantê-lo e a mim mesmo, aqui, comigo, se um dia todo o mais fugir ou se esquivar de mim.
Eu rogo pra que alcances, agora, mares menos sombrios e mais condizentes com aquilo que trazias contigo, velho mestre. Rogo para que uma mínima fagulha de tua música, tão perfeita, sublime e benfazeja possa voar de vez em quando do meu sopro, para espalhar a bênção da vida nos corações de carne, tão sofridos, carcomidos e embrutecidos quanto o meu, fazendo-os vibrar em diapasão com aquilo que de mais sagrado o homem possa trazer ao homem.
Teu lugar seja o lugar dos maiores, meu velho mestre.
Meu velho e querido Lord.