quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Vereda Morta



A poesia está acabando
ou se afirmando,
quando os versos se parecem
com versos meus?

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Sobre seus olhos
borboletas negras
que me permitem atravessá-la
e entrar no Paraíso.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Faust

Fiz um pacto com o diabo,
pra recuperar a alma
que você tirou de mim.

sábado, 1 de outubro de 2016

Deixe com o Bobo (2007)

Mundo sério

que se encrespa,

se retesa,

que refuga ao som de baque...


mundo tão sério, tão sem mistério,

se põe em guarda, se põe em farda,

espera o ataque...


estende punho (manopla rude)...

entende tudo, tem testemunhas,

esconde as unhas, teme que mude...


...o mundo... o sério.

domingo, 18 de setembro de 2016

O rio
é vítima
de suas próprias margens.

domingo, 4 de setembro de 2016

Famélico



Tenho,
por ti,
esta fome,
que não dói
nem incomoda.

É uma fome alquimista,
que traz fórmulas secretas
de ligas perfeitas,
de ouro destilado.

Fome de comer,
no seu corpo
as frutas de toda estação.

Eu te olho de longe,
e com fome,
fome isquêmica
que me causa
paralisias
e tremores.

Fome suicida,
que quer muito morrer,
mas que quer ser sentida.

domingo, 26 de junho de 2016

Selfie



Ainda agora,
pus os olhos
em minha própria figura.

Tento conceber
o homem triste
de que sou caricatura.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Com os olhos,
passo os nós dos dedos
pelo pêssego em seu rosto.
Mas eles nada enlaçam.

sábado, 28 de maio de 2016

Todos os dias, peço...

Todos os dias, peço
pelo primeiro dia
do resto de minha poesia.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Procuro...

Procuro
a margem esquecida
de um continente
que alguém desistiu
de descobrir.

27/5/2013 (2)

Vagueava pelos cantos da própria casa,
com o mofo dos dias incrustado na pele,
desviando o olhar da sombra
da imensa ausência entronizada.

27/5/2013

Foi na ânsia de se salvar,
que agarrou-se
às cordas vocais
do silêncio.

sábado, 14 de maio de 2016

Choro noturno

No quarto escuro, o silêncio
a descascava
como a uma cebola.

sábado, 9 de abril de 2016

Arrepio
espeta o olho
e escorre da boca.

domingo, 20 de março de 2016

Queria um poema
forte
feito a hora da morte.

sábado, 5 de março de 2016

5-3-2013


O poema tem sete faces,
a música, sete desejos.
Sete dias na semana,
sete vozes no solfejo.
Sete espadas me defendem,
sete dedos num arpejo,
Sete erros percorrendo
sete léguas, em cortejo.
Sete palmos me sufocam,
sete mares gorgolejo.
Sete setas satisfazem
o cupido que gaguejo.

terça-feira, 1 de março de 2016

As Moiras


Fiam,
dobram,
e me enrolam
em arame farpado.

1-3-2012

Abraço
no peito:
um filho invisível.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

18-2-2013


A dor que é só minha,
que eu mesmo canto, ouço
e não consigo aplaudir.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

8-2-2014


De longe, de bem longe, eu trouxe
crianças que estavam perdidas
e jóias há muito roubadas.
De longe, de bem longe, eu trouxe
amores, encantos e risos
e barcos sedentos de brisas.
De longe, de bem longe, eu trouxe
notícias de soldados vivos,
presentes a entes queridos.
De longe,
de bem longe,
eu me trouxe.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Intangível

Foge, acuada,
palavra-irmã
palavra-ímã,
palavra amada.

Nome que vem,
nome que vai.

Não ouso te dar substância.
Sou menos que o éter.