Soa a palavra fresca
o mel do verbo
a letra linda.
É noite, hora dos espíritos,
noite constelada
dentro de minhas sinapses.
É a hora! É a hora!
Desfraldam brilhos,
corrompem nuvens,
estancam o sangue...
latejam vivas
as palavras.
Correm furtivas, absortas
na tentativa de fugir...
cerco o enxame
e sinto cada ferroada,
cada estímulo pontual
na pele, nos olhos, nos dedos.
Assim vem o momento poético,
uma construção de movimentos
e choques, deslizes e encaixes.
Move a grande roda e costura o tempo
na colcha de retalhos que é a vida...
mas que é a vida comparada à noite?
Que é a arte? É sua hora?
São indômitas
as damas loucas,
as bacantes
em sua fúria musical.
É Orfeu redivivo
cercado de glórias,
prestes a se tornar
uma religião.
Passa a hora, pássaro
canoro e fulgurante,
vôo vermelho
rumo à madrugada.
Dedos percorrem
os gatilhos de uma lira.
Há um signo no céu,
e com ele, venceremos.
O vício do mar
é se desfraldar.
Dentro de minha cabeça
brilha o impronunciável
e primitivo
nome de Deus.
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