terça-feira, 5 de julho de 2022

Varanda

Os bichos procuram o sol

e eu permaneço na sombra

Eles se deitam e fecham os olhos,

cheios de prazer 

No meu canto 

insisto na sombra

As gatas - também os cavalos e os passarinhos

cheios de sol 

e de vida 


Na verdade eu tenho vontade

de um pouco desse sol também.














domingo, 26 de setembro de 2021

JoJo




 E eu estava ali, sentado numa poltrona, e JoJo saiu do banho e veio se vestir pra ir trabalhar.

Como fui parar ali não faz diferença: eu sou um demônio e, às vezes, estou sem estar.

Pois ela veio, enrolada na toalha, parou de costas pra mim, ali na frente, e foi pegando o que ia vestir. Tinha uma toalha no cabelo também. Colocou a calcinha, preta, e se livrou das toalhas. Balançou os cabelos e algumas gotículas cheirosas me alcançaram. Mas era na bunda de JoJo que minha atenção se concentrava. Algo que ela foi pegar caiu de sua mão e ela se flexionou para pegar de novo. A bunda se contraía e relaxava nesses mínimos processos. O cheiro do cabelo impregnava tudo e eu já estava excitado.

A bunda com a calcinha descendo de um sorriso preto nas ancas até fazer um pequeno estojo na xoxota. Um istmo que se cortava ocasionalmente, mordido pelas carnes.

- JoJo... - a voz saiu rouca, me fazendo pigarrear.

- Agora não posso te dar atenção, estou em cima da hora.

- JoJo, eu faço o tempo parar.

Ela riu, se penteando. Estava com pressa, mas ainda quase nua.

- E vai fazer isso como, posso saber?

- Traz essa bunda aqui.

Ela gargalhou. Só o que faltava, essas gracinhas, agora. 

- Deixa minha bunda quieta aqui. Devia ter vindo mais cedo.

- De manhã eu não sou ninguém. Mas traz ela aqui, prometo que te trago café na cama, uma hora dessas.

- Você leva tempo demais pra cumprir o que promete.

- NÃO! Não se vire, JoJo! Vem de costas. Até a bunda ficar bem perto. Vem...

A escova bateu na penteadeira com algum ruído e acho que ouvi um suspiro.

A bunda veio crescendo na minha direção, até ficar bem próxima do meu rosto. Senti longamente o cheiro de JoJo e a tomei suavemente pelas ancas. Puxei-a mais pra perto, beijei todo o litoral da calcinha nas costas. Olhei novamente para o conjunto. A ampulheta preta estrangulada na bunda, voltando a respirar na xoxota. Comecei a beijar a bunda e logo passei a abocanhá-la, raspando os dentes, apertando, levantando, afastando, deixando a língua invadir o tecido. Afastei um pouco suas pernas e apertei a buceta, enquanto chupava e lambia a bunda, só parando pra soltar um -caralho, JoJo-, quando ela começou a se esfregar e rebolar, ritmando.

Então, eu parei o tempo. Afastei a calcinha pro lado e procurei o cuzinho de JoJo com a língua. Assim que se encontraram, ele retraiu e eu o abocanhei, fazendo uma ventosa, deixando a língua seguir sua própria vontade.

- É... co... var... dia, filho da puta...

E forcei muito a entrada, querendo provar a dimensão dela. A buceta ensopava a calcinha e minha mão e eu a espremia como a uma fruta.

- Você não vai me comer?

- Agora não. Eu tô de pau duro, mas saber que você tem pressa vai me brochar. Eu sou complicado.

- Puta que pariu, eu quero gozar.

- Tira a calcinha e senta na minha cara. Puta que pariu, JoJo, que buceta gostosa do caralho.

Ela meteu com minha cara, até gozar. Socou, esfregou, rebolou aquela delícia de buceta na minha boca, língua, nariz, devia estar puta porque tenho um pau incompetente.

- Vou ter que tomar outro banho. 

E passou seu mel na minha cara.

- Tá com vontade de fazer xixi?

- Muita.

- Vou lá com você.

domingo, 15 de outubro de 2017

Caliban enamora-se de uma dama deitada ao sol



Dorme. Que à derme pousa o sol da tarde.
De fora, vejo tua face bela
em sonho imersa, qual doce aquarela.
Velo teu sono, mudo, sem alarde.

Aí repousas... fora, o sol que arde
teu corpo vem beijar, pela janela
e em teu cabelo ruivo se enovela
o meu desejo trôpego e cobarde.

Dorme. Só o sol me flagra de seu trono,
quando deito os olhos sobre teu sono
a concorrer, em beijos, com o Astro-Rei.

Ao ver-te nua, toda em abandono,
de meu querer o teu semblante é dono,
toda tua pele, com o olhar, beijei.

sábado, 20 de maio de 2017

Alguma poesia antes de dormir

Soa a palavra fresca
o mel do verbo
a letra linda.

É noite, hora dos espíritos,
noite constelada
dentro de minhas sinapses.

É a hora! É a hora!
Desfraldam brilhos,
corrompem nuvens,
estancam o sangue...
latejam vivas
as palavras.

Correm furtivas, absortas
na tentativa de fugir...
cerco o enxame
e sinto cada ferroada,
cada estímulo pontual
na pele, nos olhos, nos dedos.

Assim vem o momento poético,
uma construção de movimentos
e choques, deslizes e encaixes.

Move a grande roda e costura o tempo
na colcha de retalhos que é a vida...
mas que é a vida comparada à noite?
Que é a arte? É sua hora?

São indômitas
as damas loucas,
as bacantes
em sua fúria musical.

É Orfeu redivivo
cercado de glórias,
prestes a se tornar
uma religião.

Passa a hora, pássaro
canoro e fulgurante,
vôo vermelho
rumo à madrugada.

Dedos percorrem
os gatilhos de uma lira.

Há um signo no céu,
e com ele, venceremos.
O vício do mar
é se desfraldar.

Dentro de minha cabeça
brilha o impronunciável
e primitivo
nome de Deus.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Resende numa noite de maio

A cidade intumesce,
cresce,
ganha e perde espaços.

Fachadas, escadas,
terraços, caminhos
e confusões.

A cidade vai me engolindo,
enquanto durmo.

Sorrisos novos, novos passos,
faróis e pneus, buzinas,
ferros, aços.

À noite, vai se acendendo,
vai se incendiando,
se corroendo.

O céu estrelado testemunha
suas cinzas, seus esquecimentos
e um cachorro infinito
uiva pra lua.

Calçadas vazias,
janelas escuras,
café frio esquecido
sobre uma mesa de centro.

Passeiam, laboriosas,
as baratas,
lontras e capivaras
atravessam o rio,
ratos roem o luar.

Cidade, criança órfã,
deixada aos cuidados
de um céu
inacabado.

Suas pontes impedem
que se parta ao meio.
Nas lâmpadas dos postes,
mariposas sussurram
segredos e pecados.

Chora a cidade,
engolindo a todos.
Vomitará cada um de nós,
pela manhã.

Chora, até que dorme.
Cansada.
Seus sonhos
têm cheiro
de dama-da-noite.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Tocaia


Sem me olhar nos olhos
tu te esquivas
e me levas a ajustar a mira.

Sempre é pouco tempo,
sempre há pressa.
Acendo um cigarro
e escorres até o banheiro.

Voltas vestida, penteada,
como se nada houvesse acontecido.

Pedes um cigarro, o fumas,
e apenas por um instante,
teus olhos param nos meus.

"Para de ficar me olhando"
tu dizes.

Meus olhos são precisos e não tremem.
Os teus me fazem apertar o gatilho.

O tiro sempre sai certo,
mas és à prova de balas.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Elogio da palavra


Palavra
suave e doce,
tensa e vulgar,
signo humano
cruel e necessário.
Quero cruzar seus planaltos
em vôos rasantes,
cortar sua neblina fria
e ir além.
Quero mergulhar em suas furnas,
suas locas, suas ravinas,
quero seu néctar
e sua sombra,
seu toque
e seu cheiro.
Palavra que habita o pranto,
palavra que guia a luxúria.
Palavra que mata a sede
e se introduz no coração
das mulheres e dos homens.
Seu universo imenso
e equidistante,
sua penumbra fina,
seu cálice de sons.
Amo a palavra, amo seu travo
e seu rabisco. Amo-a constante!
Descubro em você
um amor que não vai morrer.
Leve minha alma, palavra,
leve-me para sempre,
deixe-me dormir em seus braços,
deixe-me ter contigo a minha prole,
o meu legado.
Deixe-me sem palavras,
palavra querida,
palavra amada.