segunda-feira, 17 de março de 2014

Declaração universal

Eu te amo.
Te amo, porque você é bonito.
É bonito, forte e inteligente.
Sabe falar, tem gestos leves,
e se porta bem em público.

Eu te amo, porque seu cheiro é bom,
e sabe harmonizar pratos, com vinho.
Gosto da atenção que me dispensa
e tenho tesão nas veias de seus braços.

Eu te amo, porque você tem valores
e princípios que fazem uma boa pessoa,
dessas que você não vê mais por aí.

Te amo, ainda, por seu discurso,
por suas ideias,
por sua preocupação com o mundo
e com um futuro bom pra todos.

Eu te amo, ainda que você esteja
prestes a me ferir com sua raiva,
com seus instintos, com sua irrazão,
e sua frieza de monstro.

Te amo, com minhas tripas em seus dentes,
te amo com beijos a seus murros doídos,
e verto jóias límpidas dos olhos,
pra tributar suas palavras rudes,
seus xingamentos, suas terríveis
e titânicas intempéries.

Eu te amo, porque me abandona,
quando tudo se torna escuro,
e você não quer seu choro exposto,
e sua dor presenciada.

Te amo, e continuarei te amando,
quando tiver razões para massacres,
e banhar o mundo a sangue-frio
e lavar a casa
com o sangue de seus filhos.

Eu te amo, sob a luz fraca e difusa
do beco onde você estupra,
do quarto onde você mantém cativos
e por trás da máscara sórdida
que dá outro rosto a sua bizarrice.

Eu te amo, porque é completo.
Porque traz a mancha da aquarela
e do abate.
Porque tem em si a chave que liberta
e que encarcera.
Porque erra e acerta, porque é bálsamo
e veneno.

Eu te amo por tudo isso,
mas não por aquilo que você é...
e sim pelo que é
verdadeiramente o amor.





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