quarta-feira, 4 de abril de 2012

Moiras e bungee jump (High Cai)

Cada passo
toca

(o vão entre os pés mede palmos pra Morte, imenso corredor restrito à pele, desfluido, contrito, escorre a própria légua legada, chumbo nas solas de mercúrio, mesmo parado, anda, veloz, estático, frio e profundo, salto que leva de volta ao topo, costelas expostas, obsceno, estol, estio, sol que reluta na linha, atrasa, adia, incendeia o horizonte no atrito, engrenagem acesa e cáustica, tempestade nas nuvens de granito, abrigo de fogo, imolado, sacrífico, metade de um girassol carnívoro, inane, messias alquebrado e puído, não basta ao coração dos homens em sede de farsa, corromper pra salvar, saquear o que lhe é legítimo, da porta pra fora, existe, perambula, cai, e ninguém está lá, ninguém aqui, ninguém dentro de mim, da porta pra dentro, saí pra me procurar, pedaço aqui, ali, partes não formam mais todo, esboroado, víscera estanque, vida mímica, mínima, anímica, tortura para o já confesso, brinquedo de gato, camundongo do caminho longo, mais perto, mais perto, já quase, sorriso de dever cumprido, descanso em disfarce, já quase, já chega, invade e rebenta contra as retinas, chovendo pra dentro, despressurizado, liberto, mosaico expugnado, asperso, esparso, iluminado, prosaico, coisa, caio, saio, desapareço, ascendo)


o abismo.

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