segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Cartografia do despertar


Do velado sono,
sincero abandono,
às paredes brancas
(perfume nas sancas),

acordo contigo
-no abraço, o abrigo-
e a águas tranqüilas
conduzem-me
as tuas pupilas.
Two artists in the desert, Mauricio Bouzas Gasque

Um comentário:

Dicássia disse...

Já não velo meu sono
E tu não te encontras em meu sonhar
Apenas no abandono de nossas idéias
Perdemos o momento precioso de nos desafiar
A desfiar nossos rosários
Para em contas descobrir que queremos subtrair
Nossas dores dos amores
Que tentamos não sentir
Para parir novos poemas
Para atormentar nossas meninas
Para esquecer nossa sina
E pemanecer a vagar

Recusando e forjando um beijo torto
E deixando o tosco rosto que nos repugna
Para buscar o beijo certo
E o rosto de sorriso aberto
Que nos pode restituir
A calma
A alma
Destruir o trauma e construir novos pesadelos
Para que nossos monstros possam enfim nos matar

E então, viver
A beleza da morte
Que é sorte
De quem consegue
Despir-se da candura
Deixar que a tortura seja senhora
E,
Curvado,
Receber o toque precioso
Que pode nos consagrar