segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O homem do lado de fora


Sem medo de rua ou fome, traçante ser vivente pedaços de si deixa, deixa e assim vai se deixando. Inteiro ninguém o vira nem viria e não há espelho para. Quem se dele chama atenção, vê menos que corpo, não-decomposição mas urgência e rota.
No fim dos dias, tudo haverá se consumado, para que venham novos dias dever de vir. Por eles próprios, caminhos sem ele, sem passos dele, sem alvo. Alvorada insana de insones tropas.
Quem lhe ouviu trovejar já não ouvidos e há roupas e tingimentos fortes, cada uma a um lugar. Vivência uniformizada, diz a experiência não te aventura nudo, palerma!.
Mas, ouvidos possam. Não, não podem. Não há parede, não há ouvido. Tudo é andejar dele, todo lugar é dele e dele tudo, tudo, tudo, até o que.
Capaz de cruzar a nado, capaz de chegar voando. Muita, muita a capacidade.
Ele não tremerá sequer piscará, ele não. A bala, o alerta, o parachoque. Não de luzes nem de estampido. Disso não morrerá.






René Magritte, Le Modèle Rouge

Um comentário:

starbizu disse...

Sou andarilha, sinto-me viajôra potencializada neste texto, meu poetamigo. Perfeito.