domingo, 15 de outubro de 2017

Caliban enamora-se de uma dama deitada ao sol



Dorme. Que à derme pousa o sol da tarde.
De fora, vejo tua face bela
em sonho imersa, qual doce aquarela.
Velo teu sono, mudo, sem alarde.

Aí repousas... fora, o sol que arde
teu corpo vem beijar, pela janela
e em teu cabelo ruivo se enovela
o meu desejo trôpego e cobarde.

Dorme. Só o sol me flagra de seu trono,
quando deito os olhos sobre teu sono
a concorrer, em beijos, com o Astro-Rei.

Ao ver-te nua, toda em abandono,
de meu querer o teu semblante é dono,
toda tua pele, com o olhar, beijei.