quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Final alternativo

E eu, no meio daquilo, me sentei,
calmamente,
sem alarde.

Participei a todos que estava indo,
comi o último pão da cesta,
tomei o resto do café.

-Mas, assim,
sem mais,
sem menos?

Assim.

Levantei-me... sem reparar
em roupas, em cores,
cobri- me das minhas.

Eu era, à minha partida,
minha última pintura a óleo.

Reverso Íntimo

Tomo um fósforo, acendo meu cigarro.
Deixo saber a que venho,
faço pose, busco contraste.

No frio do detalhe,
o olho impera.
Afago a mão vil que me afaga.

Limites

a beira da mesa
o quarto dos fundos
terminais: ônibus-metrô-ônibus
o banco do carona
o cartão do banco
palavra escrita-discada
finais-de-semana
os dois pulmões
o céu na moldura
um filme sem vozes
um último trago
um último traço.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

À guisa de prefácio

Nos lábios, no encalço do escuro, o pendente tremor...
enforcou palavras como sinal de poder. Exibiu os troféus de sangue, mantendo o medo, mantendo distância segura.
Dali pra frente, guardaria no bolso direito a próxima bala, sentença sem volta, garantia de não.
Olhou para os dois lados e atravessou a rua. Um míssil passou a poucos centímetros de sua testa e caiu no chão, sem explosão. Riu. Abriu o zíper e mijou na bomba, fez fumaça, guardou a peça sem chacoalhar e não mais voltaria correndo pra casa, toda vez que coisa semelhante acontecesse.
Ateou fogo em tudo o que trouxesse voz a seu alívio e foi morar com primatas.