domingo, 3 de junho de 2007

Serviço de quarto


Tão entulhado de nada, desceu da cama e milimetrou o quarto à procura do que largara antes de dormir. Nada em cima da cômoda, nada pendurado na porta do guarda-roupas nem na maçaneta da porta. Nada embaixo da cama, nada camuflando o controle da TV e o celular.
Tudo entulhado de nada, já não era manhã, ainda não era tarde, ainda não era dia. Nada a fazer quanto àquele dia. Dias têm disso, surgem já predispostos, milimetrados por camareiras atentas, antes da hora de acordar.
O inesperado é tão supérfluo quanto rotas são fundamentais.
Galos cantam, sombras escorrem, o tiro é dado e tudo isso é som de klacket.
Nada entulha nada.
Kitchen Maid (Vermeer)

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