Vida. Surpresa atrás de surpresa.
Detrás da primeira surpresa, certa vez, surgiu uma outra, com uma ternura serelepe de quem vê o mundo pela primeira vez. Uns olhinhos muito abertos, um queixo colado a ombros esguios que não os deles, mas também deles. Prescutadores olhinhos, a tudo atentos, a tudo antenas, grandes olhinhos muito imitadores e divertidos que, por essas virtudes, de cara, me conquistaram.
Tais olhinhos que enxergam e sentem longe, eu tive oportunidade de olhar e enxergar de perto, sem vidros ou distâncias impossibilitadoras.
Uma troca de olhares primeiros é uma conversa muito eloqüente para olhinhos e olhões que sentem e que enxergam aquilo que está pisado no chão e no chão que ainda vai. Sim, eles sabem que o chão também anda pelas próprias pernas e conseguem se entusiasmar com isso, com o ensaio de dança que acontece quando o salão está vazio... estão um passo à frente do passo e a isso não resistem, desenham corações coloridos nas janelas, dão cor ao que não tem cor, àquilo que a luz, sem resistência, atravessa. São olhos que tudo vêem e olhos que vêem o nada. Passam a cantar, então, aproveitando-se do eco, o som não pronunciado por ninguém, para espalharem orações banais pelo vazio labirintado de paredes.
Uns olhinhos... umas mínimas galáxias livres de entropia, tragando o desconhecido com familiaridade e festa, fáceis em derrubar muros e construir pontes, operários e demolidores, acertados com aquilo que parece erro a olhos inchados de miopia.
Eu estive perto dos olhinhos, até na hora de ir embora, de correr e deixar que o elástico me puxasse de volta. Eu não pude voltar meus olhões... não pude voltar meus olhos para aquelas pequeninas dádivas redondinhas e vitais, para que se despedissem ou ainda, para que se pedissem... resta, a mim, uma dúvida quadrada e vitral.
Olhinhos que tens olhos para Anjos e para Grilos... sinto, também, ausência
3 comentários:
Lágrimas nos olhos...
As coisas e seus devidos lugares.
gostei muito do texto
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