terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Self-Portrait under siege

Um a mais, um a menos, mais letra que número, mais carne que alma. De todas as formas de se fugir de clichês eu já experimentei, mas, verdade seja dita: ...
Maldita seja a verdade, que vicia, maltrata e em pouca coisa complementa. Eu, que de tão estúpido, passo com louvor em todos os caminhos ferozes. Quando não sangro, faço sangrar e tinha sempre a resposta na ponta da língua, quando levado ao Papa. O que sou hoje só ocupa meu espaço, não sidero nem considero, embora certeiro na trajetória. Já fui homem de pão, de quarto quente, de luz acesa e toalha esticada. Hoje eu tento separar as coisas que de mim se separaram. A vida estoura, de rojão enfiado no meu ouvido, as comemorações de que não participo. Não sou gente bonita, não sorrio pra não ficar mais feio, não acho dinheiro na rua nem no bolso da calça lavada. A maioria me chama por outros nomes, que não o nome bonito que tenho. Sina do sui generis a alusão com as figuras fáceis. Sou de pequenos e imbecis prazeres, sou de música e de travessias, de pousos e esquecimentos. Quem me conhece sabe.

Mas ninguém me conhece.


01/09/09, mas podia ser de hoje

4 comentários:

Glauce Dáfne disse...

Bom, muito bom!!!

Sookie disse...

nosce te ipsum

E que os outros se fodam, estão perdendo.

Parabéns pelas palavras, by the way. Hehehe!

angelofthedeep disse...

Renato,

Acho esse seu texto fudido, diz tanto sobre a condição de tanta gente - eu uma delas.

Abraço

Anônimo disse...

Apaixonante. Meus parabéns