quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Estudo para um beijo, de Magritte


Parece um baile de máscaras, mas sabemos quem somos. Melhor dizendo:
você sabe quem eu sou e eu sei quem você é. E só.
Mais que isso, é o que se constrói, no escuro.
"Eu vim torcendo pra te/não te encontrar"+"eu não sabia se era admiração ou (unff)" e o mundo freia, xinga e joga dois através do parabrisas. Two more for the road.
Coisa surda essa... coisa de cantos e sombras. Pode nem sequer falar,
essa coisa. Nem se quer falar.
Por onde anda você não sei. A pista de dança é enorme... e é muito
fácil se perder onde as coisas são coisas sem nome, sem face e sem
nomear. Silêncio de pausas em meio à dança, um pra lá, um pra cá, um
pra lá, um pra cá. Nós não sabemos dançar.
Seria mais fácil, mesmo sendo difícil... seria mais fácil, não fosse o
que é. Não fosse a coisa: meu cismar sombrio, clandestino, minha
dedicação porca à causa e total à consequência (minha incapacidade com
os canteiros de amor-perfeito... eles sempre secam logo depois que os
planto), a coisa certa na hora errada. Mundo descompassado da porra.
Falta de ver a escova passando pelos cabelos negros, pretos, pretos,
muito pretos... a imagem da mulher nua e seu violoncelo. Falta da boca
rindo dentro da minha boca rindo, falta de rir do destaque da voz, de
procurar os olhos, de procurar e achar os olhos, das perguntas que
precisam de reforço pra se tornarem perguntas completas, pra que eu
possa dar respostas inteiras.
Eu não devia dizer essas coisas. Eu nem posso dizê-las. Mas eu sei
quem você é e você sabe quem eu sou.